Pixie
Thursday, July 23, 2009
  * ENSAIO CATÁRTICO
Agora são 5:30 da manhã. Você já tentou dormir de barriga pra cima? É uma sensação estranha, lembra a posição em que colocam o morto pra dormir no caixão. a diferença é que você pode sentir a própria respiração. É por isso que eu sempre durmo de bruços.
Acordei com uma forte dor de cabeça e não consigo voltar a dormir. Já tentei ver um pouco de tv, mas só passa porcaria nesse horário. Já tentei contar carneirinhos, mas isso nunca funciona. Abri a janela do quarto, parece que vai ser um lindo dia hoje. Pensei em dar uma volta no parque e ver o sol nascer, mas isso provavelmente me faria bem, e eu não quero me sentir bem agora.
Já faz alguns anos que certos pensamentos insistem em perambular pela minha cabeça vazia. Na verdade, mesmo quando eu estou de cabeça cheia eles aparecem, expulsam o que lá está e ocupam o lugar. Acho que é o que chamam de pensamentos obsessivos. Quando você não consegue pensar em outra coisa porque não pode controlar a própria cabeça. Bem patético, na verdade.
Por isso, resolvi fazer um exercício catártico e me obrigar a escrever sobre o assunto, mesmo que não queira.
A princípio, achei bastante estranho porque eu não pareço o tipo de pessoa que pensaria este tipo de coisa, mas, de uns anos pra cá, eu tenho pensado bastante em morte. Eu sei que esta não é uma palavra muito boa, eu poderia dizer assassinato, suiscidio, sangue, massacre, ou qualquer outra palavra de grande impacto, no entanto, "morte" me parece muito mais crú e abrangente.
Por exemplo, ao mesmo tempo que escrevo este texto, tenho o google aberto com uma pesquisa sobre guerras civis no continente africano; na sala-de-estar tem um vaso com uma flor branca que automaticamente associo com funerais, e toda vez que estou no chuveiro encho a boca de água e deixo escorrer aos poucos como se fosse sangue, imaginando uma típica morte trash de filme de terror classe C.
Com basicamente qualquer coisa é assim, em tudo eu vejo um pouco de morte. Acredite, é extremamente irritante, principalmete porque eu sou uma pessoa bastante normal, não há nada de particularmente obscuro ou macabro sobre mim, tirando esta pequena obsessão pela morte, é claro. O que torna tudo ainda mais incômodo e difícil de entender.
Bem... o grande problema é que depois de tantos anos ignorando o fato, parece que ele finalmente achou um jeito de me flanquear e atacar meu inconsciente.
Há uns 3 meses atrás eu tinha um aquário com 5 peixes que eu simplesmente esqueci de alimentar. O aquário ficava do lado da minha cama, não tinha como não ver, mas por uma semana inteira eu não vi. Foi minha mãe quem reparou na falta de 3 peixinhos, eles estavam comendo uns aos outros. E o pior é que eu não me senti mal por isso. Acabo de acender um cigarro, comecei a fumar há pouco mais de 1 ano e já mato 2 carteiras por dia. Eu tomo remédios de que não preciso para problemas que eu mesma crio.
Praticamente todo dia eu digo pra mim mesma que é o último dia que deixo isso me controlar, acho que é isso que chamam de pensamento obsessivo.
Na verdade eu sou é muito covarde, qualquer pessoa com um pouco mais de força de espírito já teria matado algo - ou alguém - enquanto eu fico aqui destruindo tudo lentamente me contendo por falso moralisto. É patético, realmente.
Mas, por outro lado, e se eu fosse até o fim? O que existiria pra mim depois? Por mais que esses pensamentos me esgotem, a simples idéia de apressar o processo faz minha cabeça girar. É complicado de entender, mas tenho atração pela morte, não pela tortura. Já sei o que esperar dessa minha obsessão, depois de tantos anos, a inimiga se trosforma em amiga.
Eu vejo assim: A vida e a morte são provavelmente dois lados da mesma moeda. Você pode escolher apostar em uma ou na outra. Mas, no final, querendo ou não, nós todos perderemos.
 
É...acho que isso prova que fui alfabetizada. E só.

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