Pixie
Saturday, December 30, 2006
  ------------------------------- BEIJINHO GELADO ---------------------------------------------

Era uma vez Alice. Não, não, escrevendo assim parece que Alice já morreu:
Era uma vez Alice, como se antes mesmo da história começar a pobre Alice já era.

Vamos tentar de novo.

Alice é (e não “era") uma garota de olhos claros e cabelos loiro. Uma beleza angelical sentada sobre um temperamento agitado (para não dizer coisa pior).

Licinha (para os íntimos) já teve 7 namorados, mas só se apaixonou realmente por 55. Ela é do tipo que se apaixona fácil, como vocês podem ver, bastava alguém dizer como ela era bonita para Alice já começar a romantizar.

Apesar de ser muito facilmente nocauteada pela paixão, Alice se recuperava rapidamente da queda e logo estava pronta para ser nocauteada mais uma vez.

Certo dia Alice acordou e se percebeu com 30 anos. Ela estava ficando velha, precisava encontrar seu príncipe antes de seu relógio biológio bater meia-noite, caso contrário tudo viraria purê de abóbora.

Com um olhar decidido Alice foi passear no mesmo parque onde conheceu seu namorado número 3, seu preferido. Ingênua ela pensava que o parque lhe traria boa sorte.

Depois de uma longa caminhada em busca do futuro pai de seus filhos Alice sentou perto do lago, cabisbaixa, decepcionada, com raiva do parque por não lhe entregar o homem perfeito embrulhado para presente.

Ela já estava quase conformada com a idéia de ter purê de abóbora para o jantar quando em seu colo pulou um sapo.

Depois de um grito histérico e alguns pulos, Alice se lembrou daquele conto-de-fadas onde o sapo vira um príncipe.

Desesperada como estava ela resolver arriscar, mal não iria fazer, pensava (a probrezinha tinha perdido a aula de Ciências onde a professora ensinou que alguns sapos são venenosos).

Por sorte esse não era, e até que o beijinho gelado não tinha sido tão ruim. E como sempre desejou ter um cachorrinho, mas não suportava limpar o sofá sujo de xixi canino, Alice decidiu levar o sapinho para casa.

Naquela pele verde e gosmenta ela havia encontrado um companheiro. Quem diria.

 
Thursday, December 21, 2006
  ----------------------- SÔNIA, VERA, BIANCA, SOLANGE, ETC --------------------------

Vou falar sobre uma pessoa que todos conhecem bem, ou pelo menos deveriam, de qualquer forma, pode ter certeza que para ela você é um livro aberto.

Para cada um de nós essa pessoa se apresenta com um diferente nome e rosto, não que ela seja uma fugitiva da polícia com múltiplas identidades, apenas se adapta as diferentes necessidades de cada um que ela cuida.

Com frequência ficamos impressionado com a semelhança entra ela e nós mesmos, mas não consigo descobrir quem é o culpado por isso.

Ela não é necessariamente uma professora, apesar de vez ou outra atacar de tia substituta, ela também não é psicóloga, mas sempre acaba tratando nossas neuroses mentais, tão pouco é uma amiga, mas é muito boa em fingir esse lado.

Com frequência temos vontade de dar um bom tapa nessa tal pessoa, o problema é que ela é muito mais forte, e o tapa acaba saindo pela culatra, mas nunca desistimos sem uma briga, atormentamos a probre coitada até não podermos mais.

A verdade é que não importa o quão ruim você seja, essa pessoa nunca largar do seu pé, aqueles nove longos meses foram só o começo.

 
Saturday, December 16, 2006
  ------------------------------------ MEDROSA ---------------------------------------------

Todos vocês já ouviram a expressão “Fulana tem medo da própria sombra”, mas já pensaram na possibilidade disso ser verdade? De repente a pobre Fulana realmente pula toda a vez que esbarra na própria sombra, já pensou que sofrimento? É paranóia das mais avançadas, do tipo que pode levar Fulana à morrer de medo, quero dizer, literalmente, sem força de expressão.

A Fulana tem nome, se chama Karen, e foi uma das experiências mal sucedidas na criação divina.

Alguma coisa aconteceu com a criança Karen, algo que a traumatizou para o resto de sua não muito interessante vida, acontece que ela ficou tão apavorada com a tal coisa que guardou toda lembrança em um cofre e nunca mais abriu, melhor assim, é como se nada tivesse acontecido.

Depois desse misterioso acontecimento traumático Karen nunca mais foi a mesma, sua lista de afazeres cotidianos se reduziu a itens 100% seguros. Só comia iogurte desnatado e café descafeinado, só assistia comédias românticas e longas da Disney, só vestia calça de moleton e blusa sem estampa, só lia Paulo Coelho e revista Caras.

Quando o tédio estava se sentindo um pouco entediado, ele costumava chamar Karen para entretê-lo. Eles faziam pipoca sem sal e organizavam uma festa do pijama, mas sem as brigas de travesseiro e as maliciosas conversas sobre garotos, claro, essas coisas são perigosas.

Pois é, para falar a verdade não sobrou muito o quê contar sobre Karen, nada de interessante pelo menos, portanto, vou parar com a enrolação e pular logo para a parte boa da história.

Em um dia de outono, em que a temperatura não estava nem fria nem quente, Karen saiu de casa para comprar pão. Como de costume ela olhou 3 vezes para cada lado para se certificar da inexistência de carros naquele momento, foi então que com o canto do olho Karen viu um vulto se aproximando rapidamente. O vulto era sua própria sombra, mas ela não sabia disso no momento.

A imagem do vulto desencadeou alguma coisa dentro de Karen, com um súbito impulso ela finalmente lembrou da combinação daquele cofre e abriu a lembrança que havia trancado por tantos anos, o susto foi tão grande que provocou um ataque cardíaco.

Karen morreu. Seu coração ficou sem bater e seu pulmão sem respirar, ela viu uma luz forte mas não teve medo, correu sem receio de tropeçar ou torçer o tornozelo, quando de repente, alguma coisa a pegou por trás e puxou com força.

Era um médico segurando um desfibrilador, mas não teve jeito, ele não conseguiu salvá-la, estava na hora de eu assumir o controle.

Aquela medrosa e insonsa está morta e enterrada, eu mesma providenciei o caixão, de agora em diante quem fala é Carol. Eu sou tudo que aquelazinha jamais poderia ter sido, e se alguém comete a gafe de me chamar pelo meu falecido nome leva logo um pontapé na bunda.

Pensando bem, eu deveria ter escrito a minha história e não a dela, seria mil vezes mais interessante, divertimento garantido sem hora pra acabar, bem... fica pra próxima, mas se quiser me conheçer é só aparecer lá no Mexicano, todas às quintas tem “A noite da tequila”, não perco uma, te espero lá.






 
Tuesday, December 12, 2006
  ------------------------------------ MARIANA ---------------------------------------------

Escolher entre sorvete de baunilha e de chocolate pode ser muito mais difícil do que você pensa. A baunilha é suave, gentil e doce, já o chocolate é forte, sexy e picante.

Escolher entre um e outro depende de muitas variáveis: a temperatura do dia, seu humor atual, se está sozinho ou acompanhado, a roupa que está usando, enfim, vamos a um exemplo, se for verão, você estiver vestindo uma blusa branca e tentando impressionar seu acompanhante na sorveteria, dificilmente vai pegar o de chocolate, a não ser que queira pingos marrons no branco de sua roupa e seu acompanhante rindo da sua lambansa.

Mariana sabia que mesmo as decisões mais simples envolviam uma complexa rede de prós e contras, a primeira, única e mais inteligente escolha que Mariana fez foi a de jogar toda essa responsabilidade nas mãos da Sorte.

Ai-bai-bia e minha mãe mandou eu escolher o sorvete de baunilha; a coroa da moeda de 25 centavos disse que a raiz quadrada de 75 é a alternativa “B”; as pétalas da margarida sussurram que ele bem-me-quer e o dado exigiu que eu vá para Bahia nas férias de verão. Decisões práticas, rápidas e sem vítimas.

Essa Mariana deve ter um santo muito forte, ou então tem um pacto com o cara lá de baixo, ou de repente só tenha um bom carma, não sei, mas eu aposto a minha mão direita que alguma coisa ela fez pra conseguir a simpatia da Sorte.

A Sorte é uma velha reclamona cheia de botox na testa, até que ela é bem enxuta para sua idade, mas veja bem, se eu tivesse milhares de pessoas me idolatrando e jogando dinheiro em cima de mim eu também seria uma velha enxuta.

Você sabe quantas Marianas existe no mundo? Muitas. A velha Sorte acaba ficando sobrecarregada, coitada, é nessas horas que entra em cena o amante ciumento e superprotetor da Sorte, o Azar. Ele fica realmente zangado quando vê sua amada tão atarefada, ainda mais quando essa tarefa envolve jovens ricos em cassinos luxuosos, o Azar coloca todo mundo pra correr. Bem feito.

Enquanto o par romântico se diverte eu fico aqui sentada, só olhando de longe, nunca nem vi uma injeção de botox, muito menos um jovem rico, até as Marianas já me esqueceram. Sou a velha gorda que manda todo mundo escovar os dentes antes de dormir, devolver a nota de 10 reais que caiu do bolso daquele moço e ir de pé no ônibus lotado para dar lugar à uma barriguda de 7 meses. Posso contar nos dedos quantos amigos eu tenho, mas tudo bem, não é todo mundo que consegue suportar o peso da gorda e chata Consciência.


 
Saturday, December 09, 2006
  ------------------------------------ BRUTUS ---------------------------------------------

Na cabeça de muitos de nós mora uma espécie de parasita que, apesar de bastante comum, ainda é pouco conhecida pelos biólogos. Se você tiver coração forte, coragem e curiosidade de ver esses seres em seu habitat natural é só seguir minhas indiações: passando o emaranhado colorido você vai esbarrar com uma superfície rochosa, continue por esse caminho, os parasitas se encontram logo abaixo da rocha, a trilha é um pouco difícil, sugiro que a percorra em um veículo 4X4.

Não sei o nome científico desses parasitas, taxonomia nunca foi meu forte, mas popularmente eles são conhecidos como brutus. Eles se alimentam de tudo que é bom e brilhante, se entopem de massa cinzenta da melhor qualidade e deixam para trás um buraco cheio de nada.

Estudos comprovam que há pelos menos 2 brutus comendo a cabeça de cada um de nós, mas não se alarde, eles só demonstram real perigo quando em bastante quantidade.

Quando os brutus encontram uma cabeça bastante ampla, confortável e com uma bela vista eles geralmente decidem se fixar e constituir família, é nessa hora que a situação complica, esses parasitas se multiplicam feito coelhos.

Os cientistas estão colocando todos seus esforços para descobrir uma maneira eficaz de eliminar esses parasitas e os progressos nessa área tem sido bastante significativos, no entanto a melhor medida ainda é a prevenção: ingira bastante água, use protetor solar e mantenha sua cabeça longe de ambientes contaminados.

 
Friday, December 08, 2006
  ------------------------------ MATEMÁTICA AVANÇADA --------------------------------------

Quando conheci os 10 meu sonho era fazer uma visita aos 15, mas percebi que os 15 não eram lá grandes coisas, e meu sonho voltou-se para os 18, quando estava quase alcançando eles os 17 pularam de um arbusto e me deram um puxão de cabelo.

Foi dolorido, mas os 17 conseguiram minha atenção, na verdade o formigamento após o puxão até que era agradável. Apesar de parecerem brutos, os 17 foram bem legais comigo, superbaladeiros e engraçados, nunca vou esquecer desses caras.

Bons tempos...Nessa época os 17 me apresentaram os bonitões do 21...(pausa para suspiro) Acabei colocando os 21 na minha casa, até hoje levo eles pra onde quer que eu vá.

Após a triste despedida os 17 merecem um minuto de silêncio.

Um minuto depois...

Hoje os 22 resolveram me fazer uma surpresa e saltaram de dentro de um bolo confeitado, para não ferir seus sentimentos eu sorri um sorriso amarelo e fingi surpresa, mas, sinceramente, eles realmente acharam que iam me surpreender?

Agora eu espero anciosamento pelos 30. As pessoas falam bastante sobre eles, a maioria morre de medo desses caras, talvez eles sejam muito feios, ou andem pelados por aí, ou talvez não mantenham bons hábitos de higiêne pessoal, não sei.

Eu acho que eles devem ser ótimos, considerando que gostei bastante do 0 e do 3 quando os conheci, mas isso já faz algum tempo, de qualquer forma mal posso esperar para encontrar esses dois mais uma vez.

 
É...acho que isso prova que fui alfabetizada. E só.

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