Pixie
Friday, October 16, 2015
  PRESENTEANDO

Ela nunca se sentira tão presente, tão consciente sobre si e sobre tudo, ou quase tudo - o que é mais do que o suficiente.

Todos olhavam o que ela via, mas ninguém via como ela.Faltavam-lhes aqueles olhos famintos de quem quer sentir com todos os sentidos. Experimentar cada pedacinho. Cada som, cada cheiro... nem o fogo na parede que subia das velas, escapou aos olhos dela.

Ela degustava o tempo, engolia o momento - um a um. Sem pressa. Mais tarde, diria: - Que belo cantinho para abraçar.

A música chorava na viola, no saxofone e no pandeiro. Balançava a alma. O cheirinho de feijão no fogo dava as notas de fundo. E as velas, descontroladas e ardentes, decoravam o mundo.

Ela se sentia quase que uma intrusa, ali, de cantinho... engolindo tudo.

Sem pedir licença nem permissão, foi dançar pelo salão. Entre um rodopio e outro, ela tonteou. E virou.
Virou verso, virou música, virou ela mesma, os olhos para o mundo.
 
É...acho que isso prova que fui alfabetizada. E só.

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