Pixie
Wednesday, May 23, 2007
  -------------------- ROUND 1....FIGHT! --------------

No canto direito do ringue temos a desafiante: vovóóó Zulmaaa! Aplausos, gritos e tosse seca de gente velha. E no canto esquerdo a corajosa estreante: vóóó Guilherminaaa! Poucas palmas, nenhum grito e muita tosse seca.

Vó Zulma se concentra, faz cara de má e fita sua oponente, procurando seus pontos fracos e estudando seus movimentos. Vó Guilhermina acena para platéia, joga beijinhos e distribui doces.

A luta é intensa e desigual. Zulma parte pra cima sem dó nem piedade, amassando o pobre rosto enrugado de Guigui. O rostinho foi tão puxado e repuxado que no final parecia ter recebido um peeling instantâneo. Uma tristeza.

A diferença entre as duas velhinhas é uma só: experiência.

Zulma participou de tantas lutas, apanhou tanto na vida, que acabou aprendendo a bater também. Já a vovó Guilhermina sempre teve uma vida simples e feliz, passou longe das brigas e virou uma boba-alegre.

Dizem que só há um jeito de aprender, o jeito dos sábios idosos, o jeito levantar pra cair de novo. Eu espero aprender que os sábios não sabem porra nenhuma.

Aposto que a vó lutadora daria tudo para ter menos experiência e mais cara de boba. Pelo menos suas costas não doeriam tanto.

É tão chato tentar e não funcionar, quer dizer, chato é eufemismo, é uma merda mesmo.

Imagina passar por isso sempre? Vou chegar aos 50 como a vovó Zulma: toda ralada e quebrada.

Eu não! Prefiro a bandeira branca, vou virar uma velhinha com a experiência emocional de uma criança de 7 anos, que beleza.

Abaixo a experiência, prefiro morrer boba-alegre

 
Wednesday, May 16, 2007
  ................................................BIJUTERIA ...............................

Priscila não é seu nome de verdade, mas ela usa. As roupas não são dela de verdade, mas ela usa. Suas palavras são tiradas de livros de poesia baratos e seu andar é ensaiado. Só o sorriso é dela mesmo e alguns a reconhecem por ele. Foi assim que eu a conheci.

Veio conversar como quem já conhecia, já sabia sobre mim. Então eu caí.
- Tão Simpática ela! Só quer ajudar. Que amor de pessoa!

Deve ser por isso que o Frankenstein em questão escolheu continuar com o próprio sorriso, pra verdadeiramente rir dos tolos.

Eu fui a tola em questão. Tola, não, fui ingênua. Devia ter reparado que aquele bicho feio só podia ser de mentira, afinal, nenhum feio ri tanto.

E o papo continuou, sobre como ela me entendia e aconselhava e me respeitava e, muitos "es" depois, me falsificava.

É por isso que parecia tão entretida com a conversa, tão focada. Estava atenta para a reprise.

Essa é a Priscila, uma bijuteria bem trabalhada, uma imitação de tudo aquilo que é, e esvazia depois de ser.

Vaca.

 
É...acho que isso prova que fui alfabetizada. E só.

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