Todos vocês já ouviram a expressão “Fulana tem medo da própria sombra”, mas já pensaram na possibilidade disso ser verdade? De repente a pobre Fulana realmente pula toda a vez que esbarra na própria sombra, já pensou que sofrimento? É paranóia das mais avançadas, do tipo que pode levar Fulana à morrer de medo, quero dizer, literalmente, sem força de expressão.
A Fulana tem nome, se chama Karen, e foi uma das experiências mal sucedidas na criação divina.
Alguma coisa aconteceu com a criança Karen, algo que a traumatizou para o resto de sua não muito interessante vida, acontece que ela ficou tão apavorada com a tal coisa que guardou toda lembrança em um cofre e nunca mais abriu, melhor assim, é como se nada tivesse acontecido.
Depois desse misterioso acontecimento traumático Karen nunca mais foi a mesma, sua lista de afazeres cotidianos se reduziu a itens 100% seguros. Só comia iogurte desnatado e café descafeinado, só assistia comédias românticas e longas da Disney, só vestia calça de moleton e blusa sem estampa, só lia Paulo Coelho e revista Caras.
Quando o tédio estava se sentindo um pouco entediado, ele costumava chamar Karen para entretê-lo. Eles faziam pipoca sem sal e organizavam uma festa do pijama, mas sem as brigas de travesseiro e as maliciosas conversas sobre garotos, claro, essas coisas são perigosas.
Pois é, para falar a verdade não sobrou muito o quê contar sobre Karen, nada de interessante pelo menos, portanto, vou parar com a enrolação e pular logo para a parte boa da história.
Em um dia de outono, em que a temperatura não estava nem fria nem quente, Karen saiu de casa para comprar pão. Como de costume ela olhou 3 vezes para cada lado para se certificar da inexistência de carros naquele momento, foi então que com o canto do olho Karen viu um vulto se aproximando rapidamente. O vulto era sua própria sombra, mas ela não sabia disso no momento.
A imagem do vulto desencadeou alguma coisa dentro de Karen, com um súbito impulso ela finalmente lembrou da combinação daquele cofre e abriu a lembrança que havia trancado por tantos anos, o susto foi tão grande que provocou um ataque cardíaco.
Karen morreu. Seu coração ficou sem bater e seu pulmão sem respirar, ela viu uma luz forte mas não teve medo, correu sem receio de tropeçar ou torçer o tornozelo, quando de repente, alguma coisa a pegou por trás e puxou com força.
Era um médico segurando um desfibrilador, mas não teve jeito, ele não conseguiu salvá-la, estava na hora de eu assumir o controle.
Aquela medrosa e insonsa está morta e enterrada, eu mesma providenciei o caixão, de agora em diante quem fala é Carol. Eu sou tudo que aquelazinha jamais poderia ter sido, e se alguém comete a gafe de me chamar pelo meu falecido nome leva logo um pontapé na bunda.
Pensando bem, eu deveria ter escrito a minha história e não a dela, seria mil vezes mais interessante, divertimento garantido sem hora pra acabar, bem... fica pra próxima, mas se quiser me conheçer é só aparecer lá no Mexicano, todas às quintas tem “A noite da tequila”, não perco uma, te espero lá.
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