Pixie
Friday, January 12, 2007
  ------------------------------- SEM GRAÇA ---------------------------------------------

Um dia eu conheci uma figura especialmente engraçada, a primeira coisa engraçada sobre ela era a roupa, ela gostava bastante de sua bermuda cor de ovo que batia nos joelhos, da blusa estampada com uma coroa de rei e do chapéu ridiculamente grande para sua cabeça.

A segunda coisa engraçada sobre ela era a idade, pessoas de 8 anos costumam ser naturalmente engraçadas, não me pergunte o porquê.

A terceira coisa engraçada sobre ela era a cabeça, não que fosse grande demais ou pequena demais, era o modo como a cabeça funcionava que era engraçado. Ela funcionava sempre a 5 passos de distância da loucura.

Essa coisa de viver no limite é mais perigosa do que engraçada, eu devia estar muito desesperada por uma gargalhada, teria sido mais fácil ver um episódio de Seinfeld.

Ela gostava de me arrastar para alguma praça e brincar de princesa, de professora, de cozinheira de restaurante francês, até uma cobra ela já me fez ser, estraguei uma ótima blusa no processo, mas foi engraçado.

Não a culpo por ser um tanto quando pirada, quando você analisa os modelos que ela tem para seguir, logo percebe que não é culpa dela.

A turma da Mônica é composta por um menino que precisa urgentemente de um fonoaudiólogo, um outro que sofre de hidrofobia, uma menina bulímica e uma outra que tem sérios problemas de auto-controle.

As princesas todas são umas encalhadas com memória de peixinho dourado. Quantas vezes os anões disseram para Srt. Neve não aceitar coisas de estranhos? Quantas vezes o Tritão avisou para sereia Ariel ficar longe dos humanos? Isso sem falar na Cachinhos Dourados que invadiu uma casa alheia e na Maria do João que devorou uma casa ainda mais alheia.

Ser um pouco louco é pré-requisito para ser criança, ninguém em seu estado normal imagina que aquele graveto é uma arma mágica letal contra dragões vermelhos, ou que aquela pedra grande no meio da praça é um fogão industrial de um restaurante francês.

O problema é quando você tem 32 anos, trabalha em uma firma de advogados, está tentando conseguir uma promoção e seu chefe encontra você pendurada numa árvore, com um chapéu de pirata, duelando com uma pessoa de 8 anos.

Nos poucos segundos que durou nosso encontro, senti todo o respeito que ele tinha por mim escapar de fininho junto com o “oi” e cair esparramado no chão, no momento em que ele disse “tchau” o respeito já estava em seus últimos suspiros.

Foi nessa hora que eu senti que estava começando a enlouquecer. Assim, realmente perder noção das coisas. O dia em que sua bússola interna começar a apontar para Noroeste você vai saber do que estou falando.

Eu deixei meu emprego na firma. Foram 4 anos de aulas superchatas na faculdade, mais uma prova superdifícil para conseguir meu certificado, mais uma tia superchata dizendo que eu deveria ter sido médica, tudo para conseguir um emprego na firma, e eu pedi demissão. Maluca.

Agora eu sou uma professora de artes que leciona na Escola Flor E Sol da primeira à oitava série, ou melhor dizendo, sou a tia da educação artística. Tudo culpa daquela maluca com a cabeça engraçada.

 
Comments:
owwwwww
texto doidinho!
várias histórinhas numa só :P
gostei! :)

e eu, fico tentando entender o q vc quis dizer com isso...
mas tenho uma vaga idéia...

:)

:*
 
eu não tenho nenhuma vaga idéia como a mile, então, me restrinjo a falar que nunca pensei na magali como bulímica... mas faz sentido, tadinha.

=*****
 
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É...acho que isso prova que fui alfabetizada. E só.

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