No canto direito do ringue temos a desafiante: vovóóó Zulmaaa! Aplausos, gritos e tosse seca de gente velha. E no canto esquerdo a corajosa estreante: vóóó Guilherminaaa! Poucas palmas, nenhum grito e muita tosse seca.
Vó Zulma se concentra, faz cara de má e fita sua oponente, procurando seus pontos fracos e estudando seus movimentos. Vó Guilhermina acena para platéia, joga beijinhos e distribui doces.
A luta é intensa e desigual. Zulma parte pra cima sem dó nem piedade, amassando o pobre rosto enrugado de Guigui. O rostinho foi tão puxado e repuxado que no final parecia ter recebido um peeling instantâneo. Uma tristeza.
A diferença entre as duas velhinhas é uma só: experiência.
Zulma participou de tantas lutas, apanhou tanto na vida, que acabou aprendendo a bater também. Já a vovó Guilhermina sempre teve uma vida simples e feliz, passou longe das brigas e virou uma boba-alegre.
Dizem que só há um jeito de aprender, o jeito dos sábios idosos, o jeito levantar pra cair de novo. Eu espero aprender que os sábios não sabem porra nenhuma.
Aposto que a vó lutadora daria tudo para ter menos experiência e mais cara de boba. Pelo menos suas costas não doeriam tanto.
É tão chato tentar e não funcionar, quer dizer, chato é eufemismo, é uma merda mesmo.
Imagina passar por isso sempre? Vou chegar aos 50 como a vovó Zulma: toda ralada e quebrada.
Eu não! Prefiro a bandeira branca, vou virar uma velhinha com a experiência emocional de uma criança de 7 anos, que beleza.
Abaixo a experiência, prefiro morrer boba-alegre
Subscribe to Post Comments [Atom]
Subscribe to
Posts [Atom]