Priscila não é seu nome de verdade, mas ela usa. As roupas não são dela de verdade, mas ela usa. Suas palavras são tiradas de livros de poesia baratos e seu andar é ensaiado. Só o sorriso é dela mesmo e alguns a reconhecem por ele. Foi assim que eu a conheci.
Veio conversar como quem já conhecia, já sabia sobre mim. Então eu caí.
- Tão Simpática ela! Só quer ajudar. Que amor de pessoa!
Deve ser por isso que o Frankenstein em questão escolheu continuar com o próprio sorriso, pra verdadeiramente rir dos tolos.
Eu fui a tola em questão. Tola, não, fui ingênua. Devia ter reparado que aquele bicho feio só podia ser de mentira, afinal, nenhum feio ri tanto.
E o papo continuou, sobre como ela me entendia e aconselhava e me respeitava e, muitos "es" depois, me falsificava.
É por isso que parecia tão entretida com a conversa, tão focada. Estava atenta para a reprise.
Essa é a Priscila, uma bijuteria bem trabalhada, uma imitação de tudo aquilo que é, e esvazia depois de ser.
Vaca.
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