* O JOGO DA VIDA
Correndo o risco de parecer inculta, expresso aqui a minha opinião: nunca gostei de xadrez.
Joguinho estratégico, esquematizado, pensado e repensado, articulado para dissimular posições e pensamentos. Um jogo de dois, duplamente demorado, nublado, onde a espontaneidade não tem vez. É sempre um turno de cada vez.
Engraçado é que alguns gostam tanto desse jogo, que colocam a vida num tabuleiro de xadrez. E jogam com pessoas como peões, montadas a cavalo para importantes cargos, coroando o próprio ego e defendendo-o como rei.
No grande jogo da vida onde cada um tem um papel e devemos esperar, cada um à sua vez.
Falando de mim, digo sem frescura: falta-me paciência para o jogo. Nunca fui boa em depender do movimento dos outros para tomar minhas próprias decisões. Também não sou boa estrategista, não repenso muito meus movimentos imaginando reações oponentes, eu só vou e me mexo, me remexo, confortavelmente e ao meu tempo. Não vejo turnos, vejo momentos.
Sem caminhos complicados, dissimulados... Vou em linha reta toda vida, a vida toda, até encontrar todas as peças, tudo o que eu espero de tudo e de todos.
Até que a vida me encurrale num canto e, de mansinho e baixinho, lance seu xeque-mate. E Fim do jogo.